Em um cenário de globalização, onde a cultura dos grandes centros urbanos se coloca como hegemônica, grupos tradicionais e suas vivências são, geralmente, invisibilizados ou vistos como atrasados, pertencentes a uma temporalidade supostamente superada, à margem das sociabilidades consideradas legítimas. Em Goiás, no interior do Estado, os carreiros, pequenos proprietários de terra, sustentam seu modo de ser rural e, anualmente, revivem suas origens a partir da tradicional Romaria dos Carreiros que acontece durante a Festa do Divino Pai Eterno em Trindade-GO. Muito mais que fé e devoção, expressos nesta celebração do catolicismo popular, o ritual simboliza um reforço aos símbolos identitários e sentimentos de pertencimento ao universo rural. Esse trabalho é fruto de uma pesquisa com algumas famílias de carreiros ao longo de cinco anos acompanhando os preparativos que antecedem a festa, a romaria propriamente dita e o retorno para casa.
Cecilia Araújo