O ano é 2020 e estou na Chapada dos Veadeiros, cerrado-território berço das águas localizado no Brasil central. Este é um ato auto performático da vontade de ser-estar natureza, mas como sendo meu próprio corpo a paisagem que se degrada de entulhos, lixos e carcaças rejeitadas em meio ao caminho que ora se apresentam como desvios pelos quais sou cooptado em meu percurso e destes refugos faço colheita. Volto e torno para a água, quero me limpar, quero lavar a alma, mas sou errante e este corpo é bom para pensar, se tomo a consciência daquele espaço é porque meu corpo está ali, é ele aquele lugar, aquilo que o filósofo do fenômeno detém como perceptor e perceptível. Não quero mais destituir aquilo que a natureza me deu, o espaço, pois “meu corpo não é só mais um objeto entre os outros objetos”, eu sinto todos aqueles outros objetos, logo me faço textura comum a esses objetos, faço exílio no lixo para resguardar o que ainda resta.
Guilherme Soares de Albuquerque