Foto na rua: Um retrato dos fotógrafos Lambe-lambe de Goiânia
O catálogo “Lambe-lambe em Goiânia: histórias que se revelam nas ruas e nos retratos”, como o próprio título diz, vai se revelando aos poucos, à medida que andamos pelas ruas de Goiânia, falamos com os cinco fotógrafos (José Barreto de Novaes, Carlos Antônio de Moraes, Marcos José de Jesus, Jonas Barreto dos Santos e Nádia Barbosa) e olhamos seus retratos e os retratos feitos por eles. É um encontro entre fotografia, fala e escrita que se transforma em histórias verbais e visuais. Não se pretende esgotar ou criar uma outra história da fotografia em Goiás, mas abrir essa história e incluir os fotógrafos lambe-lambe e deixá-la aberta a outras escritas, saberes e olhares.
Assim, propomos refletir como se dá a constituição da fotografia lambe-lambe em Goiânia e a produção dos seus retratos, em diálogo com uma história nacional. Podemos inferir que esta história local se dá nas ruas, no fazer e no aprendizado prático da fotografia, que passa de pai para filho e/ou de fotógrafo de rua para fotógrafo de rua. Estes fotógrafos, antes, trabalhadores oriundos de diferentes ofícios. Do oficio de pedreiro, de mototaxista, atendente de supermercado, mudam a forma de sustento profissional e transformam também as ruas, locais de passagem, em locais de parada, mesmo que por 5 minutos, para que os transeuntes posem diante de suas câmeras fotográficas.
As lentes da câmera lambe-lambe, da polaroid ou da digital registram os tipos sociais da cidade de Goiânia, organizando a pose, o enquadramento, a luz, para que fiquem registrados nas carteiras de identidade, currículos e outros documentos que constituirão a existência de cada pessoa. Assim como a existência desses fotógrafos passa a constituir histórias da fotografia, que se revelam nas ruas e nos retratos.
Convidamos a todos e todas, leitores e leitoras, que parem, por cinco minutos ou um pouco mais, para percorrerem estas páginas, os textos e fotografias, ouvirem as narrativas criadas através das falas destes fotógrafos e, sobretudo, imaginarem a ambientação das ruas com as cabines fotográficas, o apertar do click pelos fotógrafos e a visualização dos registros dos rostos nos formatos 3x4cm, 2x2cm ou 5x7cm.
Ana Rita Vidica
Coordenadora do projeto